domingo, 16 de maio de 2010

Estarei eu morto por dentro?

(24/02/2010)



Cheguei á escola básica EB 2,3 Júlio Saúl Dias, como o mesmo de sempre: uma criança presa em sonhos e por isso talvez mais livre que as outras crianças aparentemente donas da sua liberdade mas artificialmente presas e cegas, mas só algumas horas depois iria compreender essa realidade, e desde esse dia, passadas as ditas horas viria a guardar semelhante informação, muito por mim valorizada, levando-a comigo para a minha vivência diária, ou até, mais correctamente, vivendo-a dia a dia.

Era uma fase escolar de escolha que fazia de nós, pequenos rebentos chamados de púpilos e com a mania que eramos mais do que isso, um pouco mais donos-de-si.

Com o meu equílibrio interno mais suavizado pelas cordas do violino que acompanhava há três anos preteri da música e optei pelo teatro que, para minha indignação futuramente abalada pela positiva, viria a ser leccionado por uma professora de Educação Física, cujo nome a minha parvoíce adolescente me fez esquecer, enbora neste caso se trate mesmo meramente, de um "nome", dado que tudo o resto que essa excelente professora me transmitiu eu apreendi.

A disciplina, pelo menos pelos moldes em que a conheci, presumo que teria o objectivo de nos introduzir ao teatro soltando-nos em palco: nem dois anos ou três depois aprendi mais sobre filosofia do que nessas aulas; Soltei-me no palco da vida como nunca mais viria a aprender a soltar.

Talvez a lição mais importante dessa professora, ou pelo menos aquela que mais me ficou na cabeça foi sem dúvida quando me disse que as pessoas se chateavam por, em certos momentos da sua vida quotidiana não terem nada para fazer, ao que segundo a minha professora seria o meio para "não morrermos por dentro".

Todos os dias eu penso nessas palavras;Chego à conclusão que são demasiado profundas para uma análise conclusiva, mas eu entendi, de certa forma, aquilo que a professora me quis dizer.

Hoje, na Parede, em intervalo de aulas de condução, comendo um delicioso scone com compota de morango, num delicioso café/casa de chá (Tea For Two), interrogo-me se basta pensar nestas palavras para não morrer por dentro, chego à conclusão que não e apesar da minha campanha contínua ao longo dos anos, hoje, longe do mundo que construí sinto-me um pouco morto por dentro...

Com olhos embaciados por uma melancolia para a qual gostaria de ter cura, olho as paredes da casa de chá e encontro uma citação que o destino me trouxe a propósito desta fase da minha vida:
"Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro esquecem do presente de forma que acabam por não viver nem no Presente, nem no Futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca tivessem vivido." - Dalai Lama.


Tiago Assis Vilarinho (Retirado do segundo moleskine)

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