(10/12/2008)
Nota: Inspirado na extravagância de Álvaro de Campos e em forma de protesto à minha nota em português, escrevi o seguinte manifesto.O génio é mau aluno e rebelde!
O génio não passa em exame. Génio tem que chumbar pois o génio é tão génio que ao fazer um exame está a avaliar o professor que não é génio e não o consegue acompanhar.
Os burros é que decoram coisas! Os génios pensam, não decoram! As ciências decoradas são escória e estragam nações! São elas que destroem o mundo e não os ácidos que elas criam! A sistematização constante dos conteúdos é chata.
O génio inova!
O génio é irreverente!
Se o professor fosse génio o génio passaria no exame.
O génio não responde à questão; o génio divaga; o génio teoriza a questão e questiona respondendo.
A Filosofia não é para definir. A Filosofia existe para que possamos viver melhor (mesmo com nota negativa pois Filosofia só é Filosofia com nota negativa!).
E a poesia? Que ridículo! Tenham vergonha na cara académicos! A poesia sente-se! Não se estuda. Não se analisa.
Ai pobre nação que ris ao ouvir “Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!”, do grande Álvaro.
Mas o pior de tudo isto é que a população passa no exame! Exame a quê pergunto eu? À sua mediocridade e vazio mental?
A matemática é a pior ciência do mundo. A Matemática é tão fácil e exacta que se torna complicadíssima. Génio não estuda matemática, pois génio é um ser feliz e génio só vive feliz sem ela.
Génio não fica preocupado com nota negativa e muito menos se esforça para a levantar. Ele tem que ficar na sua genial irreverência até ao fim.
Génio folheia o que já criou milhões de vezes mesmo que pouquíssimo seja, pois génio sabe sempre que é génio por menos coisas que crie, e obra de génio tem tendência a multiplicar-se e ganhar inúmeros sentidos!
Fora com os livros de análise! Fora com as fórmulas e teorias matemáticas! A ferramenta do génio é ele mesmo!
Génio é o mais feliz mas nunca se vê génio algum a sorrir. O sorriso é para os pobres de espírito que dizem ser o sorriso a contracção de músculos faciais necessária à revelação da sua dentadura branca de marfim, quando sorriso é escrever a palavra génio.
A inteligência não existe. E se existisse não poderia ser avaliada pois a avaliação é uma amostra de falta de inteligência. Existe sim a felicidade, a elevação mental, a personalidade e uma coisa que existe no génio que não sei explicar bem o que é, mas que existe e não é inteligência.
Génio morre pobre, imundo e sem família, sem casa, e principalmente morre sem saberem que é génio ou mesmo sem ele próprio saber que é génio.
Génio não faz manifestos à inteligência coerentes e lógicos pois a natureza do génio é, por si, desorganizada. Génio não faz manifestos à inteligência sequer!
Um génio lê um manifesto à inteligência e rasga-o, de ridículo, antes sequer de acabar de o ler. Mas no fundo está feliz porque sabe que é génio tal e qual como o defino.
Génio nunca admite ou se orgulha de ser génio porque se assim fosse não seria génio.
Ninguém quer ser génio porque o génio é superficialmente infeliz. Mas os que são génios querem ser génios porque só eles conhecem e podem avaliar o conceito de felicidade.
Génio morre cedo, mas génio morre vivo!
Todos são e podem ser génios desde que seja génios!
A inteligência não existe! O génio não existe! Existe vida e existe maior ou menor genialidade de a viver.
Tiago Vilarinho
Retirado do Moleskine