(18/02/2009)
Dia típico de inverno em Vila do Conde é dia de um vento irritante (mas este vento existe durante todo o ano), de despentear o cabelo, ou melhor, de metamorfoseá-lo para um estado irreconhecível como tal, e de uma chuva grossa que “cola” as roupas à pele e põe qualquer um a perguntar-se: “Serei Homem ou serei fonte?”. “Esqueci-me do guarda-chuva!”, com a adição de um palavrão ou não conforme for o grau de irritação, é automático pois este precioso e super simples objecto, disponível numa qualquer loja dos chineses pelo simbólico preço de cinco euros, representar já, uma necessidade em dias de chuva tal como comer pipocas de boca aberta é necessidade para quem vai ao cinema à sexta à noite. Mais do que uma necessidade porém, eu idealizo este objecto como uma prova de Humanismo, um triunfo da Humanidade.
Adoro que chova, pois assim munido de guarda-chuva, tenho uma oportunidade de dar troça à Natureza, passeando calmamente, inatingível pelos seus mísseis (isto se o guarda chuva da loja dos chineses estiver a ser usado com um espaçamento de três dias da sua compra, período médio de vida do objecto). Mas agora que estudo nas aulas de português “Os Lusíadas”, tal atitude ainda mais gozo me dá, pois reforça a minha tese a ideia de que um “pequeno bicho da Terra” a domina, controla e tem o dever de a proteger (mas isso já é outra conversa).
Assim apostava que se Camões fosse meu contemporâneo incluiria umas estrofes nos seus Lusíadas XXI a exaltar este objecto tão simples, tão inteligente, tão humano.
É também curioso como as coisas hoje em dia se multiplicam, padronizam, uniformizam. De facto, encontramos guarda-chuvas de todas as cores, feitios, sabores, preços e em todo o lado. O guarda-chuva é, de facto um objecto mais que vulgar e o pior é que sinto que ninguém lhe dá a devida importância e a tenção (um dia mundial do guarda-chuva seria óptimo, fica a sugestão) nem percebe como é importante para a Humanidade! Quase ninguém (e eu próprio me incluo nessa fatia) sabe inclusive um mínimo da sua história e muito menos o nome do seu inventor.
Povo ingrato, pobre e mal agradecido, adormecido. Oxalá existisse um guarda chuva que nos protegesse da distracção e da morte mental. Oxalá esse guarda-chuva apenas se fechasse nos sonhos e filtrasse as condições para sonharmos mais e melhor. Oxalá fosse chuva aquilo que nos desatenta. Oxalá fosse chuva o infortúnio.
Adoro que chova, pois assim munido de guarda-chuva, tenho uma oportunidade de dar troça à Natureza, passeando calmamente, inatingível pelos seus mísseis (isto se o guarda chuva da loja dos chineses estiver a ser usado com um espaçamento de três dias da sua compra, período médio de vida do objecto). Mas agora que estudo nas aulas de português “Os Lusíadas”, tal atitude ainda mais gozo me dá, pois reforça a minha tese a ideia de que um “pequeno bicho da Terra” a domina, controla e tem o dever de a proteger (mas isso já é outra conversa).
Assim apostava que se Camões fosse meu contemporâneo incluiria umas estrofes nos seus Lusíadas XXI a exaltar este objecto tão simples, tão inteligente, tão humano.
É também curioso como as coisas hoje em dia se multiplicam, padronizam, uniformizam. De facto, encontramos guarda-chuvas de todas as cores, feitios, sabores, preços e em todo o lado. O guarda-chuva é, de facto um objecto mais que vulgar e o pior é que sinto que ninguém lhe dá a devida importância e a tenção (um dia mundial do guarda-chuva seria óptimo, fica a sugestão) nem percebe como é importante para a Humanidade! Quase ninguém (e eu próprio me incluo nessa fatia) sabe inclusive um mínimo da sua história e muito menos o nome do seu inventor.
Povo ingrato, pobre e mal agradecido, adormecido. Oxalá existisse um guarda chuva que nos protegesse da distracção e da morte mental. Oxalá esse guarda-chuva apenas se fechasse nos sonhos e filtrasse as condições para sonharmos mais e melhor. Oxalá fosse chuva aquilo que nos desatenta. Oxalá fosse chuva o infortúnio.
Tiago Assis Vilarinho
Retirado do Moleskine
Retirado do Moleskine
Tiago, já conseguiste tempo para ler o «Livro de San Michele».
ResponderExcluirÉ um livro que acentuou o meu gosto pela leitura e que ajudou a refinar as minhas escolhas.
É humano e ao mesmo tempo romantico. Belíssimo!
Nuno Lourenço
Ainda não. Para já estou a ler o "Admirável Mundo Novo". Depois o lerei.
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