Já muito ouvi dizer, na boca de imensas personalidades conhecidas e outras menos conhecidas, que Portugal tem características histórias, e uma cultura tradicional vasta que deve ser modernizada e potencializada para funcionar como marca nos nossos dias. Manuel Pinho seguiu à letra, e levou o típico das touradas portuguesas ao parlamento. Não o censuro!
Falando mais a sério, a imagem em cima cria um sentimento entre todos os portugueses: embaraço. E não vale a pena negarmos, não vale a pena termos palas nos olhos porque isso apenas vai aumentar esse embaraço. É certo que, na minha opinião, o gesto de Manuel Pinho foi um gesto inocente, um gesto de pureza mediante aquilo que se passa no parlamento. Porém, a questão é que, às palavras ditas não correspondem imagens que podem ser assim flagrantemente denunciadas.
Valeu a sua demissão para acalmar um pouco a indignação e sombrear algumas das perguntas mais pertinentes que o povo português começava a colocar. Se já é bem nítido que os portugueses não confiam na política, este tipo de situações apenas vem acentua-lo. Era suposto as pessoas que os representam e que dirigem os seus destinos, visando a garantia do seu bem-estar - os políticos - serem gente séria, gente determinada, e sobretudo gente imparcial e com vontade de fazer algo pela comunidade não agindo perante interesses próprios. Agora, quem acredita que estas características existem nos nossos políticos por favor grite "Eu acredito". Ouvem alguma coisa? Lá está, a política está descredibilizada. Mas o pior é o que este tipo de situações causam à estabilidade da governamentação e àquelas políticas que, boas ou menos boas tentam realmente mudar alguma coisa neste nosso gigante atraso. Por que um ministro, após ler Fernando Pessoa Ortónimo, sentir como ele a nostalgia do passado, ter querido regressar aos tempos de infância (não o levemos a mal), a nossa pasta da economia ter ficado desamparada.
É uma situação chata para todos nós. É uma situação que afecta a nossa dignidade em termos internacionais, mas não podemos ficar pura e simplesmente de braços cruzados. É preciso que toda a mentalidade de um povo mude para que aqueles que o devem dirigir também mudem.
Não nos deixemos é contagiar pelo vírus Média. Foi uma siuação, resolveu-se e é preciso começar a pensar-se qual o próximo passo. Não podemos ficar agarrados àquela imagem e por algum motivo exitem as touradas.