quarta-feira, 1 de julho de 2009

Desconfiança

(14/01/2009)


Há pouco tempo reparei em como os desconfiados são perseguidos, sendo que eu próprio, desconfiado, fui perseguido.

Esta, porém, é a base para algo mais transcendente. pelo que percebi, valoriza-se neste mundo o que existe, ponto final, "É o que é e não pode deixar de ser". Que pensamento retrogado. Isto é simples, basta usar o dom da visão que nos puseram, ou se calhar é de tal maneira simples que nem isso é necessário.

Tudo o que vemos em nosso redor nasceu da desconfiança, será uma atitude tão condenável assim? Eu escrevo com uma caneta porque alguém deesconfiou que as penas e os dedos não teriam tanta eficáciia que cargas de tinta dentro de uma cápsula de plástico. Escrevo neste caderno porque alguém desconfiou que não seria possível levar paredes e grutas para as aulas de português.

O motor do progresso humano reside na desconfiança. E reparemos que é a distracção e o e o desejo de pocessão quase física do concreto que nos poderia eventualmente retirar a desconfiança, dando voz e essa conspiração superlativa do sistema financeiro e monetário que por aí se fala. O que é certo é que a desconfiança é uma arma. Uma arma poderosa para o culto da mente que tanto apregoo, e o que também é certo, independentemente dessa conspiração absoluta ser verdade ou não, é que as pessoas já não se preocupam em desconfiar, o que as torna menos individuais e portanto menos humanas.

Até poderá essa teoria ser uma palhaçada e uma aldrabiçe completa, mas que têm um objectivo primordial em importância tem: cria a desconfiança, cria o desejo de atenção.

Não precisamos de ser activistas, nem guerreiros, nem revolucionários. A verdadeira revolução está dentro de nós. Está em sermos atentos, desconfiados. Somos seres humanos, somos desconfiados por natureza.

Tiago Assis Vilarinho
Retirado do Moleskine

Nenhum comentário:

Postar um comentário