sábado, 18 de julho de 2009

17º Festival de Curtas, Vila do Conde



Passados anos de um sucesso já internacional, tive a oportunidade de, na minha terra, ver mais uma edição do festival de curtas metragens.

A reabertura do Teatro Municipal deu uma nova proporção ao festival que já tão famoso, pelos vistos, continua com muita pouca afluência.

Adorei o conceito, dado que nunca tinha visto uma curta metragem, e desejei imediatamente ir ver tantas sessões quantas possíveis. Mas o estudo para o exame de Economia limitou-me esse desejo. Assiti a duas sessões. Uma de competição internacional em que tive a oportunidade de assistir ao filme que ficou em 5º lugar na mesma competição: "Buenas intenciones". A outra tinha um conceito ainda mais interessante, consistia em filmes antigos sobre futuro, e que agora é o nosso presente. Interessante a visão que se tinha sobre os nossos dias.

Para o ano há mais...

Clone: uma marca alternativa



Este fim de semana fui novamente ao bairro alto em Lisboa fazer compras. Para a juventude é um spot ideal: roupa alterntativa e urban wear abundam.

Foi então que comprei uma t-shirt engraçada de uma marca que não conhecia, precisamente por essa razão: Clone.

Dentro da t-shirt havia um pequeno texto, um manifesto à marca. Rapidamente percebi que mais do que uma marca, a clone era um movimento, um moviemento que luta contra a "clonagem cerebral" que os média nos incutem no nosso mundo. Mas o mais incrível, é que esta marca, com bastante pinta diga-se de passagem é portuguesa e totalmente fabricada em Portugal. Afinal nem tudo o que por aqui se faz é mau.

Divulgem, e visitem o seu site:
www.clonethisbrain.com

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Um pequeno aparte


Hoje publiquei um poema sobre Deus e um pouco da minha visão sobre ele, o que é bastante pessoal e bem mais vasto na realidade.
Apenas deixo aqui este aparte para um episódio banal mas que achei interessante:
Como gosto de dar um pouco de cor ao meu blog, procurei uma imagem no google: "God".
Primeiro reparei na parvoice que esta a fazer e julguei-me intlectualmente por isso.
Depois reparei que as imagens que apareciam, eram todas de um jogo de playstation, o "God of War" e não consegui encontrar nenhuma em que não houvesse oceanos de sangue.

Obrigado Deus

(11/06/2009)

Ó Deus, porque me criaste,
a tudo querer contestar?
Desta forma me levaste,
à tua existência não acreditar!

E que dizer,
sobre as casas que te dizem respeito?
se a mim me fazem esquecer,
através do seu preconceito?

Perdoa-me estas incertezas,
pois sei que o ser humano existe.
E por tais vícios e tais belezas,
só podes ter sido tu que o criaste!

Tiago Assis Vilarinho
Retirado do Moleskine

Nostalgia

(28/06/2009)



A nostalgia é um sentimento complicado de lidar, e com um soberbo poder.

Primeiro porque é um "upgrade" da saudade, aquela saudade que tanto nos inquieta, depois, porque é um sentimento, ou estado, talvez seja melhor chamarmos-lhe de estado, que é um misto de vibrações positivas e negativas.

A nostalgia retira-nos a capacidade de agir e de raciocinar e aumenta-nos a capacidade de sentir e de sonhar.

Advém de recordações e memórias que, tendencialmente felizes e positivas, nos marcaram e que desejamos reviver. Porém, às vezes a nostalgia surge sem nenhuma razão em especial, como um reflexo de uma possível saudade futura, ou um desejo de recordarmos algo que nunca fizemos ou que nunca fomos, mas que gostariamos de fazer ou ser, ou pelo menos exprimentar dazer ou ser.

Estar sorumbático ou sentir-se nostálgico, são estados que rivalizam pela devastidão que nos provocam.

De facto, é impossível definirmo-nos, quando envoltos de nostalgia, como felizes ou tristes. Por um lado, o torpor que nos provoca, por outro o desejo de permanecer nesse torpor.

A nostalgia deixa um rasto de inquietação que nos faz ter pena de uma terceira pessoa que se outra mas que somos nós ao mesmo tempo por motivos que não compreendemos bem ao certo o que são.

Essa pena cria orgulho nessa pessoa (que somos nós mesmos) e por isso fá-la querer permanecer nesse clima de sofrimento.

No fundo, nostalgia é como uma versão "gourmet" de melâncolia se a imaginarmos como um prato que temos que ingerir, obrigatoriamente, porque não há melhor, mas que se calhar ingeriamos na mesma se houvesse mais opções. É um beco sem saída, um estado puramente humano, que nos faz sentir verdadeiramente humanos. Tal vez por isso a odiemos. Tal vez por isso a adoremos.

Tiago Assis Vilarinho
Retirado do Moleskine

sábado, 11 de julho de 2009

Trauma Económico


Estou a dar as últimas.

O Sol fala comigo e eu juro que consigo ouvi-lo, mas tenho que ficar a vê-lo pela janela. Tenho que estudar.

As últimas três semanas foram intensos. Os meus colegas já estão familiarizados com as férias 2009 mas eu ainda tenho uma última batalha a travar: O exame de Economia.

Este exame é decisivo. É prova específica da Gestão Hoteleira na ESHTE (Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril), um curso muito conceituado e eu tenho que entrar, nem imagino o que será falhar esse grande objectivo.

O estudo cresceu de intensidade à medida que me fui apercebendo das adversidades. Primeiro nunca tive aulas algumas de economia (não houve gente suficiente para fazer turma no meu curso, na minha escola), apenas algumas explicações em Vila do Conde. Depois porque um 15,1, que até é uma nota aceitável para quem está na minha condição pode não chegar. Com esse valor ficaria com uma média de 16,1 de candidatura, o que correspondeu à média do ano passado mas pode não corresponder à deste ano. Depois porque os exames de Português e História, que dominava plenamente, correram mal (14,6 a português e 15,8) o que me desceu a nota de português (17 para 16) e portanto a média (16,9 para 16,8) a não ser que o recurso que vou pedir na segunda me suba a nota um valor.

A pressão é tanta... as entrevistas da televisão assustam-me, os meus colegas ajudam tanto que nestes últimos dias além de dois episódios de Lost ou The O.C antes de dormir não fiz mais nada.

Talvez seja por isso que estou a sentir um cansaço que gosto de chamar de trauma económico: para qualquer coisa que olho vejo economia. Talvez seja por isso que esta noite sonhei que tinha chegado um dia depois ao exame e comecei a chorar durante o sono (algo deveras perturbador).

Talvez esta pressão me ajude na segunda feira mais do que ajudou a super descontracção dos outros exames...

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Comentários do Público

"Reportagem: “Os professores estão chateados com o ministério e nós é que sofremos""
in Jornal o Público

Os meus comentários:

Comentário 08.07.2009 - 10h35 - Tiago Vilarinho, Vila do Conde, Portugal
Sou estudante do secundário e, apesar de não ter tido propriamente más notas nos exames desci drasticamente.

Se me disserem que foi por causa dos critérios de avaliação pensarei que passaram a minha prova para acetato, colocaram em cima dos critérios e fizeram assim a avaliação.

Sinto porém que os meus conhecimentos não foram realmente avaliados, pois como explicar a discrepância que existe entre alguns exames daqueles que supostamente seriam melhores alunos do que outros.

A resposta está no clima de facilitismo que foi gerado a partir da oposição. Este afectou os alunos mais nervosos que rapidamente sentiram que afinal não precisavam de estar tão preocupados. Que afinal, nem precisavam de estudar tanto.

Porém, este clima não afectou somente alunos, mas também professores que orgulhosos da função que ocupam não quiseram que esta saísse manchada por exames "tão fáceis". Outros que já aumentavam as fileiras das manifestações anti-ministra esfregaram as mãos e tiveram aí uma oportunidade para atirar pedras ao governo. O resultado é a super exigência das correcções.

Verdade ou não procuro respostas pois alguma coisa me parece errado, sinceramente não creio que sejam os meus conhecimentos. Era muito triste que se chegasse à conclusão que estes exames não foram instrumentos de avaliação mas sim, uma arma política.

Comentário 08.07.2009 - 10h40 - maria papoila, Portugal da mediocridade
Realmente o "nível" do português dos actuais alunos começa por ver se no cabeçalho da notícia. "Os professores estão chateados..." quando se trata deste modo a língua portuguesa, não é possivel ultrapassar a mediocridade. Concerteza não saberão os alunos que a palavra chateado deriva da palavra chato (pediculus pubis) ,piolho do púbis, que ainda hoje existe. Segundo os pacientes portadores do pediculus pubis é reamente um parasita extremamente incómodo. Encontram se casos sobretudo nos povos africanos.


Comentário 08.07.2009 - 10h49 - Tiago Vilarinho, Vila do Conde, Portugal
A Maria papoila surpreende-me com o seu domínio pela língua portuguesa e por aquilo que chamo de "arrogância intelectual não fundamentada". O português deve ser talvez a língua mais poderosa do mundo inteiro pela pluralidade de sentidos que apresenta o seu vocabulário e sobretudo sobre a sua vastidão de expressões. O "regionalismo" e a gíria (formas particulares de se falar o português) são teses defendidas por grandes defensores da nossa língua, e está mais que provado que apenas a enriquecem. A actualização também é uma realidade apesar dos mais conservadores a cunharem de ignorância.

Comentário 08.07.2009 - 09h58 - vitor fortes, lx
Os nossos professores são EXCELENTES. o governo, tal como o povo em geral e os alunos em especial é que são uma nodoa. eu acho mal responsabilizar os professores EXCELENTES (ou seja, todos) pelos resultados dos alunos. os alunos não tem uma cultura de trabalho, nem de estudo, nem de mérito... os alunos seguem os exemplos dos Professores, só que não são as Associações de Estudantes que dão notas. se fossem, eram todos excelentes, como os seus professores.

Comentário 08.07.2009 - 10h56 - Tiago Vilarinho, Vila do Conde, Portugal

Diariamente uma grande multidão de alunos luta para se vencer as barreiras do conformismo, dos valores retrógrados, do tradicionalismo. Um dia a capa da imortalidade e da perfeição em que estão envoltos os professores sucumbirá perante aqueles que querem dar o seu melhor para fazer avançar este país. A cultura dos alunos portugueses é um problema, os seus vícios, a sua balda é uma realidade. Mas isso não é, também, uma generalidade. E os professores portugueses partilham exactamente da mesma "doença": ser português. Da mesma maneira existem professores EXCELENTES e outros PÉSSIMOS. Os professores, na maioria, também pecam por falta de inovação e actualização. Os professores também aproveitam qualquer motivo para se baldarem. Os professores, alguns, também só estão na escola para cumprir um papel.

domingo, 5 de julho de 2009

Política à portuguesa



Já muito ouvi dizer, na boca de imensas personalidades conhecidas e outras menos conhecidas, que Portugal tem características histórias, e uma cultura tradicional vasta que deve ser modernizada e potencializada para funcionar como marca nos nossos dias. Manuel Pinho seguiu à letra, e levou o típico das touradas portuguesas ao parlamento. Não o censuro!


Falando mais a sério, a imagem em cima cria um sentimento entre todos os portugueses: embaraço. E não vale a pena negarmos, não vale a pena termos palas nos olhos porque isso apenas vai aumentar esse embaraço. É certo que, na minha opinião, o gesto de Manuel Pinho foi um gesto inocente, um gesto de pureza mediante aquilo que se passa no parlamento. Porém, a questão é que, às palavras ditas não correspondem imagens que podem ser assim flagrantemente denunciadas.


Valeu a sua demissão para acalmar um pouco a indignação e sombrear algumas das perguntas mais pertinentes que o povo português começava a colocar. Se já é bem nítido que os portugueses não confiam na política, este tipo de situações apenas vem acentua-lo. Era suposto as pessoas que os representam e que dirigem os seus destinos, visando a garantia do seu bem-estar - os políticos - serem gente séria, gente determinada, e sobretudo gente imparcial e com vontade de fazer algo pela comunidade não agindo perante interesses próprios. Agora, quem acredita que estas características existem nos nossos políticos por favor grite "Eu acredito". Ouvem alguma coisa? Lá está, a política está descredibilizada. Mas o pior é o que este tipo de situações causam à estabilidade da governamentação e àquelas políticas que, boas ou menos boas tentam realmente mudar alguma coisa neste nosso gigante atraso. Por que um ministro, após ler Fernando Pessoa Ortónimo, sentir como ele a nostalgia do passado, ter querido regressar aos tempos de infância (não o levemos a mal), a nossa pasta da economia ter ficado desamparada.


É uma situação chata para todos nós. É uma situação que afecta a nossa dignidade em termos internacionais, mas não podemos ficar pura e simplesmente de braços cruzados. É preciso que toda a mentalidade de um povo mude para que aqueles que o devem dirigir também mudem.


Não nos deixemos é contagiar pelo vírus Média. Foi uma siuação, resolveu-se e é preciso começar a pensar-se qual o próximo passo. Não podemos ficar agarrados àquela imagem e por algum motivo exitem as touradas.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Desconfiança

(14/01/2009)


Há pouco tempo reparei em como os desconfiados são perseguidos, sendo que eu próprio, desconfiado, fui perseguido.

Esta, porém, é a base para algo mais transcendente. pelo que percebi, valoriza-se neste mundo o que existe, ponto final, "É o que é e não pode deixar de ser". Que pensamento retrogado. Isto é simples, basta usar o dom da visão que nos puseram, ou se calhar é de tal maneira simples que nem isso é necessário.

Tudo o que vemos em nosso redor nasceu da desconfiança, será uma atitude tão condenável assim? Eu escrevo com uma caneta porque alguém deesconfiou que as penas e os dedos não teriam tanta eficáciia que cargas de tinta dentro de uma cápsula de plástico. Escrevo neste caderno porque alguém desconfiou que não seria possível levar paredes e grutas para as aulas de português.

O motor do progresso humano reside na desconfiança. E reparemos que é a distracção e o e o desejo de pocessão quase física do concreto que nos poderia eventualmente retirar a desconfiança, dando voz e essa conspiração superlativa do sistema financeiro e monetário que por aí se fala. O que é certo é que a desconfiança é uma arma. Uma arma poderosa para o culto da mente que tanto apregoo, e o que também é certo, independentemente dessa conspiração absoluta ser verdade ou não, é que as pessoas já não se preocupam em desconfiar, o que as torna menos individuais e portanto menos humanas.

Até poderá essa teoria ser uma palhaçada e uma aldrabiçe completa, mas que têm um objectivo primordial em importância tem: cria a desconfiança, cria o desejo de atenção.

Não precisamos de ser activistas, nem guerreiros, nem revolucionários. A verdadeira revolução está dentro de nós. Está em sermos atentos, desconfiados. Somos seres humanos, somos desconfiados por natureza.

Tiago Assis Vilarinho
Retirado do Moleskine

terça-feira, 30 de junho de 2009

O Muro do gosto do choro

(2008)

Caem, Caem, formando rios...
Políticas, religiões e afins...
Amores, estudos, tempos frios...
Tudo corre com uma calma...
Aquece-os a caldeira da alma.

Tudo bóia e se deixa levar,
Não há luta contra a corrente.
Tudo corre, apenas, assim!
Até parece que há regozijo no que bóia,
Pois não há luta alguma em mim

Tiago Assis Vilarinho
Retirado do Moleskine

Ensaio sobre a cegueira - Filme

(06/12/2008)



Uma obra-prima do cinema que aborda diversas áreas da humanidade com uma genialidade fora-de-série.

Adaptando ao grande ecrã a obra com o mesmo nome, de José Saramago, a filmagem e a fotografia do filme é perfeitamente bem enquadrada na sua temática: A cegueira de um branco intenso, o que nos dá a sensação dela mesmo. Os actores são quase todos nomes emergentes do cinema e a acção do filme é cativante e viciante até ao fim. Mas o verdadeiro interesse no do filme está mesmo naquilo que aborda, o seu verdadeiro interior. mal tinha começado e percebi logo que era uma alegoria.

De facto, o filme retrata muitas questões, grandiosas pela sua polémica, da humanidade e vou referir algumas delas. Primeiramente temos a questão da cultura rácica humana que é por si barbara. Assim, dentro do asilo da quarentena, sem nada com que se preocuparem e reduzidos à anarquia, há um grupo de homens que se apodera do controlo da comida, que iria distribuir consoante o valor de objectos que as outras pessoas dentro do asilo trocariam (o que não fazia sentido algum pois dentro do asilo nada importavam esses bens) e mais tarde em troca de mulheres (está bem patente a brutalidade do machismo). O filme mergulha desta forma na dependência humana dos seus sentidos.

Porém nem tudo é negro: a unidade entre todos os membros do grupo protagonista garante-lhes a sobrevivência e a felicidade rara perante uma conjuntura tão drástica, "como uma família".

Existem outras questões importantes como o racismo (apesar de não se verem uns aos outros, um homem atribui a maldade do outro à sua cor) e a da beleza que apresenta duas vertentes: a física (pois mesmo cegas as mulheres preocupam-se com a sua beleza) e a interior dado que a paixão surge sem barreiras entre uma jovem e um velho.

A sexualidade assume-se como "necessidade fundamental do ser humano", atingindo até proporções brutas e irracionais como já dei exemplo.

Mas a questão principal está patente no fim. O primeiro a ser infectado é o primeiro também a curar-se transmitindo a esperança aos outros. Porém, a única com visão diz: "Vou ficar cega", isto não porque ela efectivamente iria deixar de ver, mas porque o ser humano não dá a devida importância à visão, sendo esta meramente material e superficial. Foi preciso todos cegarem para realmente a protagonista ver as coisas como elas efectivamente são. No fundo somos todos cegos para a vida e para o mundo.

A importância da religião para as pessoas, como factor de esperança e união, é também ela muito importante e o egocentrismo humano patente na fuga e abandono das pessoas infectadas é horroroso e de uma violência tremenda.

O filme é brilhante e como disse o meu amigo José Carlos, "muda a vida de uma pessoa". Um filme de nota máxima, com parecenças com outro que também adorei, "I'm Legend" e que igualmente reomendo a toda a gente. A cena que mais gostei foi a da música que o velho pôs no seu rádio dixando as pessoas no seu choro e luta, unidas, pelo silêncio e fraternidade...
(10/10)

Tiago Assis Vilarinho
Retirado do Moleskine

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Invasões Francesas

(12/06/2009)

(A resistência popular às Invasões Francesas.
A defesa da Ponte de Negrelos.)


Pensaste que ia ser fácil,
não pensaste Napoleão?
Deste caras com a ira indócil,
do povo defendendo seu pão

As tuas invasões foram repelidas,
uma de cada vez.
E a força e glória da pátria sentidas,
pelo orgulho de ser português.


Tiago Assis Vilarinho
Retirado do Moleskine

Manifesto à inteligência

(10/12/2008)

Nota: Inspirado na extravagância de Álvaro de Campos e em forma de protesto à minha nota em português, escrevi o seguinte manifesto.

O génio é mau aluno e rebelde!
O génio não passa em exame. Génio tem que chumbar pois o génio é tão génio que ao fazer um exame está a avaliar o professor que não é génio e não o consegue acompanhar.
Os burros é que decoram coisas! Os génios pensam, não decoram! As ciências decoradas são escória e estragam nações! São elas que destroem o mundo e não os ácidos que elas criam! A sistematização constante dos conteúdos é chata.
O génio inova!
O génio é irreverente!
Se o professor fosse génio o génio passaria no exame.
O génio não responde à questão; o génio divaga; o génio teoriza a questão e questiona respondendo.
A Filosofia não é para definir. A Filosofia existe para que possamos viver melhor (mesmo com nota negativa pois Filosofia só é Filosofia com nota negativa!).
E a poesia? Que ridículo! Tenham vergonha na cara académicos! A poesia sente-se! Não se estuda. Não se analisa.
Ai pobre nação que ris ao ouvir “Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!”, do grande Álvaro.
Mas o pior de tudo isto é que a população passa no exame! Exame a quê pergunto eu? À sua mediocridade e vazio mental?
A matemática é a pior ciência do mundo. A Matemática é tão fácil e exacta que se torna complicadíssima. Génio não estuda matemática, pois génio é um ser feliz e génio só vive feliz sem ela.
Génio não fica preocupado com nota negativa e muito menos se esforça para a levantar. Ele tem que ficar na sua genial irreverência até ao fim.
Génio folheia o que já criou milhões de vezes mesmo que pouquíssimo seja, pois génio sabe sempre que é génio por menos coisas que crie, e obra de génio tem tendência a multiplicar-se e ganhar inúmeros sentidos!
Fora com os livros de análise! Fora com as fórmulas e teorias matemáticas! A ferramenta do génio é ele mesmo!
Génio é o mais feliz mas nunca se vê génio algum a sorrir. O sorriso é para os pobres de espírito que dizem ser o sorriso a contracção de músculos faciais necessária à revelação da sua dentadura branca de marfim, quando sorriso é escrever a palavra génio.
A inteligência não existe. E se existisse não poderia ser avaliada pois a avaliação é uma amostra de falta de inteligência. Existe sim a felicidade, a elevação mental, a personalidade e uma coisa que existe no génio que não sei explicar bem o que é, mas que existe e não é inteligência.
Génio morre pobre, imundo e sem família, sem casa, e principalmente morre sem saberem que é génio ou mesmo sem ele próprio saber que é génio.
Génio não faz manifestos à inteligência coerentes e lógicos pois a natureza do génio é, por si, desorganizada. Génio não faz manifestos à inteligência sequer!
Um génio lê um manifesto à inteligência e rasga-o, de ridículo, antes sequer de acabar de o ler. Mas no fundo está feliz porque sabe que é génio tal e qual como o defino.
Génio nunca admite ou se orgulha de ser génio porque se assim fosse não seria génio.
Ninguém quer ser génio porque o génio é superficialmente infeliz. Mas os que são génios querem ser génios porque só eles conhecem e podem avaliar o conceito de felicidade.
Génio morre cedo, mas génio morre vivo!
Todos são e podem ser génios desde que seja génios!
A inteligência não existe! O génio não existe! Existe vida e existe maior ou menor genialidade de a viver.
Tiago Vilarinho
Retirado do Moleskine

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Poetas Malditos

(12/06/2009)

Sim, eles querem que tu leias,
mas o que eles escrevem
para te prenderem nas suas teias,
através dos que os servem.

Para contra isso lutares,
em teu espírito coloca uma lente.
Pois para estes demónios travares,
tens que cultivar a tua mente.


Tiago Assis Vilarinho
Retirado do Moleskine

Quem quer ser milionário?

Filme (21/06/2009)



O número 7 marca este filme. 7 óscares da Academia já acusam tratar-se de um bom filme, número curioso pela sua simbologia que se enquadra no ponto-chave do filme: o destino.

Com um elenco composto por miúdos de uma favela indiana o filme funciona como crítica à sociedade indiana ao demonstrar as dificuldades de uma sociedade com uma enorme clivagem social.

Tudo está conjugado perfeitamente nesta obra-prima do cinema. os planos das vidas dos protagonistas revelados em flash-back com as perguntas do concurso que se apresentam coincidentes a eles - dessa forma, Jamal, um míudo pobre da favela, movido pela determinância em ficar com o amor da sua vida, consegue ganhar o famoso concurso, o que lhe dá uma oportunidade de salvar a sua amada e ser feliz.

Uma história repleta de ternura e amor em condições inóspitas, e uma forografia excelente tornam este filme num filme igualmente excelente. (9/10)

Tiago Assis Vilarinho
Retirado do Moleskine

terça-feira, 23 de junho de 2009

O Guarda-chuva e o seu Humanismo

(18/02/2009)


(Retirado do blog Rabiscoscasuais)


Dia típico de inverno em Vila do Conde é dia de um vento irritante (mas este vento existe durante todo o ano), de despentear o cabelo, ou melhor, de metamorfoseá-lo para um estado irreconhecível como tal, e de uma chuva grossa que “cola” as roupas à pele e põe qualquer um a perguntar-se: “Serei Homem ou serei fonte?”. “Esqueci-me do guarda-chuva!”, com a adição de um palavrão ou não conforme for o grau de irritação, é automático pois este precioso e super simples objecto, disponível numa qualquer loja dos chineses pelo simbólico preço de cinco euros, representar já, uma necessidade em dias de chuva tal como comer pipocas de boca aberta é necessidade para quem vai ao cinema à sexta à noite. Mais do que uma necessidade porém, eu idealizo este objecto como uma prova de Humanismo, um triunfo da Humanidade.

Adoro que chova, pois assim munido de guarda-chuva, tenho uma oportunidade de dar troça à Natureza, passeando calmamente, inatingível pelos seus mísseis (isto se o guarda chuva da loja dos chineses estiver a ser usado com um espaçamento de três dias da sua compra, período médio de vida do objecto). Mas agora que estudo nas aulas de português “Os Lusíadas”, tal atitude ainda mais gozo me dá, pois reforça a minha tese a ideia de que um “pequeno bicho da Terra” a domina, controla e tem o dever de a proteger (mas isso já é outra conversa).

Assim apostava que se Camões fosse meu contemporâneo incluiria umas estrofes nos seus Lusíadas XXI a exaltar este objecto tão simples, tão inteligente, tão humano.

É também curioso como as coisas hoje em dia se multiplicam, padronizam, uniformizam. De facto, encontramos guarda-chuvas de todas as cores, feitios, sabores, preços e em todo o lado. O guarda-chuva é, de facto um objecto mais que vulgar e o pior é que sinto que ninguém lhe dá a devida importância e a tenção (um dia mundial do guarda-chuva seria óptimo, fica a sugestão) nem percebe como é importante para a Humanidade! Quase ninguém (e eu próprio me incluo nessa fatia) sabe inclusive um mínimo da sua história e muito menos o nome do seu inventor.

Povo ingrato, pobre e mal agradecido, adormecido. Oxalá existisse um guarda chuva que nos protegesse da distracção e da morte mental. Oxalá esse guarda-chuva apenas se fechasse nos sonhos e filtrasse as condições para sonharmos mais e melhor. Oxalá fosse chuva aquilo que nos desatenta. Oxalá fosse chuva o infortúnio.




Tiago Assis Vilarinho
Retirado do Moleskine

“Metamorfose”, de Franz Kafka

Livro (27/05/2009)



Desconcertante, do princípio ao fim, é como melhor caracterizo esta grande obra deste grande escritor.

Um homem, dedicadíssimo ao seu emprego que, da noite para o dia, se transforma num horrendo insecto.

Por um lado retirei uma crítica à abstracção total das pessoas em relação a elas próprias, pois Gregor Samsa, preocupado unicamente com o seu emprego quase nem se incomoda com o seu novo estado.

Gregor trabalhava para toda a família, mas mantinha com os membros desta uma relação fria e afastada, como se apenas uma obrigação familiar e a única réstia de auto-estima que possuí com o facto de por isso se sentir importante motivasse o seu contacto com eles.

A tristeza que a obra evoca atinge proporções brutais: vemos a família rejeitar Gregor, que além de pertencer àquela família, a sustentava, unicamente pelo seu horrendo aspecto (que pode ser uma metáfora de alguma horrível doença por exemplo).

Pode-se porém retirar do livro outra moral, inserida na ideia de mudança: perante a desgraça que se abate sobre a família, esta une-se, torna-se mais forte e sobretudo, os seus membros passam a ter que sustenta-la pelos seus próprios braços. O que é impressionante é que tudo isto acontece perante a abstracção parcial da morte de Gregor, ferido e abandonado pela sua própria família.

É um livro poderoso, que mexe com os sentimentos e emoções mais humanos, sob um linguagem esplêndida que transmite um ritmo quase mecânico e que entra numa comunhão perfeita com a temática da obra.

Simples e acessível, rápido de se ler e profundamente simbológico e emblemático. Um livro imprescindível.




Tiago Assis Vilarinho
Retirado do Moleskine

segunda-feira, 22 de junho de 2009

O dia de amanhã hoje não vem

(09/06/2009)

Sempre me preocupei com o Futuro,
e com o Passado também.
Mas hoje sou cego e mudo,
pois estou no presente e sinto-me bem.

Ninguém sabe o que amanhã virá.
Não vale a pena estar com agoiros.
Se me tirarem estes cabelos loiros.
Isso só o tempo o dirá.

O tempo gostaria de enfrentar.
Talvez por isso me achem louco,
mas o momento tenho que aproveitar,
por isso, ó futuro, espera mais um pouco.



Dedicado a Inês Eusebio
Tiago Assis Vilarinho
Retirado do Moleskine

Anjos e Demónios

Filme (27/05/2009)



Mais um bom papel de Tom Hanks, numa interpretação dos bons romances históricos de Dan Brown. Este gira em torno do fanatismo religioso, já que é um camarário fanático do Vaticano que faz ressurgir a velha lenda dos Illuminati para impedir que a ciência se interponha no caminho da religião. (7/10)

Tiago Assis Vilarinho
Retirado do Moleskine

domingo, 21 de junho de 2009

Happy Tree Friends - violência virtual em estado puro

(20/03/2009)






Assisti, durante uma apresentação em Àrea de Projecto, a mais um episódio curto da série "Happy Tree Friends", que consiste na extripação, desmembramento e morte aterrorizadamente violenta dos bonecos desenhos animados mais queridos e coloridos que é possível imaginar. É a forma de violência gratuita e pura mais incrível que alguma vez conheci.

É inimaginável o horror dos banhos de sangue que ainda se torna mais complexo quando coajugado com a expressão de felicidade daquele ambiente animado. Horrosamente inigualável.
Site oficial do Happy Tree Friends onde podem ver vídeos da série.


Tiago Assis Vilarinho
Retirado do Moleskine