domingo, 13 de dezembro de 2009

Em busca da espiritualidade

(13/12/2009)


Há uns dias atrás tentei seriamente às palavras da minha avó Júlia, à saída do cinema, quando ela comentava o movimento que a série Twilight havia formado.

A minha avó, que outrora já foi professora de História no Secundário e que actualmente é professora de vida aos seus netos que a tanto estimam, explicou-me que o ser humano nasceu para se agarrar a causas e convicções, e que tem um especial fascínio pelas que se desenrolam no campo do místico, do esotérico.

Por fases, demonstrou-o com as pinturas nas cavernas, o poder das religiões e etc...

Disse-me que as religiões foram perdendo força com o avançar dos tempos, mas que as pessoas continuavam a precisar da sua fórmula e que o resultado estava nos milhares de movimentos religiosos, espiritualistas e seitas que se multiplicaram no nosso século.

Realmente, é possível sentir uma certa mística, uma certa emoção quando vemos as pessoas unidas à mesma causa. As pessoas sentem-se úteis, sentem-se com propósitos de vida. As claques de futebol, as igrejas, as bandas, o cinema, os grupos ambientalistas, os partidos políticos e etc. são ao prova disso mesmo.

São estas convenções que fazem as pessoas sentir-se pessoas.

Tiago Assis Vilarinho

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Um sistema bem desenhado

(04/12/2009)


Muitas vezes ouço dizerem-me "Tens que relaxar!", "Lá vem o filosofo, trazes um bloco de notas para todo o lado!", "És extremamente racional" e "Assim não curtes nada".

Eu não posso ser mentiroso ao dizer que estou fora do sistema. Eu estou bem dentro dele e não consigo sequer parecer que não, há pessoas que o fazem bem melhor que eu. Cumpro largamente o papel de jovem do século XXI e estou tão podre como o resto da sociedade.

Porém, às vezes sinto algo querer sair de mim...

Quando idealizo esta teoria de sistema manipulador que as pessoas tanto gostam de criticar parece que vejo provas empíricas de que ele é uma realidade em todo o lado.

Diariamente vejo as pessoas andarem como se de Robots humanos se tratassem. Caminhando como formigas atarefadas, cada um com as suas capacidades, cada um com a sua classe, cada um com o seu trabalho diferente. Todas estas pessoas contribuem para a manutenção de um sistema que parece compensar quem para ele contribui. As pessoas queixam-se da rotina sem fazerem muito bem a ideia do que isso possa sequer ser. Fazem este quotidiano por necessidade imposta, e sentem-se realizadas porque é o sistema que as manipula nesse sentido.

Mas o pior é quando chega a recompensa: A quebra da rotina, o lazer, os tempos livres. As pessoas talvez ainda sejam menos humanas durante estas pausas na sua emocionante aventura, cheia de propósitos, que é a vida. Quando têm oportunidade para fugir ao sistema as pessoas fazem-no da maneira mais degradante possível. É a vez dos vícios, das tentações e das ilusões. As pessoas cedem a elas, na parte, ou no todo, porque pensam que é justificável a sua cedência pelo facto de existir um sistema que as desgasta e compensa. O ser humano destrói-se a si próprio e não vejo nenhum animal fazer o mesmo.

Os valores humanos vão sendo cada vez mais estranhos, e as pessoas nem percebem isso, mas as suas reacções àquilo que parece diferente mas é no fundo mais natural, mais antigo, é óbvia. Não sei porque caminho vai a humanidade e não pronuncio a mais ténue linha de felicidade nesse sentido. Mas nada derruba algo tão bem desenhado, tão bem estruturado, e com tanto tempo de teste a aplicação...

Ora a questão que é uma luta em mim todos os dias, a questão que provavelmente está na origem de tudo é: Vale a pena lutar contra o sistema? E depois? O que se faz?

Não há de todo resposta a estas questões e a solução mais prática e racional passa por optarmos por sermos irracionais. Vamos entrar no sistema e viver ao máximo as suas emoções fortes. Vamos estourar-nos todos e contribuir para a ridicularidade que é a singularidade das nossas vidas. Vamos deixar de ser racionais e viver cada milésima de segundo como se não houvesse amanhã, porque, de facto, não há amanhã e portanto não vale a pena fazer nada contra isso.

"Ela canta, pobre ceifeira,
Julgando-se feliz talvez;
Canta, e ceifa, e a sua voz, cheia
De alegre e anônima viuvez,

Ondula como um canto de ave
No ar limpo como um limiar,
E há curvas no enredo suave
Do som que ela tem a cantar.

Ouvi-la alegra e entristece,
Na sua voz há o campo e a lida,
E canta como se tivesse
Mais razões pra cantar que a vida.

Ah, canta, canta sem razão !
O que em mim sente 'stá pensando.
Derrama no meu coração
A tua incerta voz ondeando !

Ah, poder ser tu, sendo eu !
Ter a tua alegre inconsciência,
E a consciência disso ! Ó céu !
Ó campo ! Ó canção ! A ciência

Pesa tanto e a vida é tão breve !
Entrai por mim dentro !
Tornai Minha alma a vossa sombra leve !
Depois, levando-me, passai !"

"Ela canta pobre ceifeira", de Fernando Pessoa

Tiago Assis Vilarinho

domingo, 15 de novembro de 2009

Sacanas sem Lei/Inglorious Bastards, Quentin Tarantino - Filme

(08/09/2009)


Cada vez gosto mais deste realizador cujos filmes por serem anormalmente bons entram no campo do paranormal.

A maneira como ele pensou em fazer da segunda guerra mundial um filme do estilo "western spaghetti" faz dos outros filmes sobre o mesmo tema menores e dá tons de uma atrocidade tão atroz que se torna divertida.

O conceito por ele criado desta maneira é de tal maneira complexo que se torna praticamente impossível de definir ou analisar.

Quando saí da sala chamei-lhe "assassino da História" pela maneira como ele a adultera, mas também entendi que um filme como aquele só poderia acabar daquela maneira. Quentin explica essa transformação dizendo que se as suas personagens tivessem existido, o final poderia ter sido mesmo aquele. Isso envolve a ideia e teoria do determinismo, em que as coisas apenas acontecem se um conjunto de pequenas situações aparentemente dispersas o viabilizarem e que basta alterar uma dessas situações que tudo muda. Obviamente essa teoria está associada ao Destino, essa força suprema que tanto agrada a uns e desagrada a outros.

Os actores estão perfeitamente bem enquadrados e para mim aquele que mais me surpreendeu pela positiva foi: Christoph Waltz.

Quanto ao filme: Magnifico!
(10/10)

Tiago Vilarinho
Retirado do Moleskine

Projecto Vénus

(28/06/2009)



Há tantos cheiros para cheirar.
Há tantas coisas para ver.
Há tantas pessoas para conhecer,
e tantos sentimentos para partilhar.

Há tantos sabores para sentir.
Tantos caminhos para percorrer.
E os que ainda hão-de vir.
Dar-nos-ão vontade de viver.

Tantos obstáculos para ultrapassar.
Tantos esforço, para dispor.
Para do mundo o Homem ser pastor,
muita energia há que se gastar.

E quando nos fartarmos
do mundo, das coisas belas,
podemos consolar-nos,
basta olhar para as estrelas.

Tiago Assis Vilarinho
Retirado do Moleskine



quarta-feira, 7 de outubro de 2009

"Amirável Mundo Novo", Aldous Huxley

(sem data)


O livro mais humanista que alguma vez li em toda a minha vida. Uma obra tremendamente fantástica e indispensável a qualquer ser humano que se considere digno de o ser.

Fala de uma sociedade futura organizada em moldes mundiais, e dirigida por uma ditadura aparentemente abstracta.

Já sabia que Hsldous Huxley, sendo contemporâneo dos grandes totalitarismos europeus, criticava (aliás, é por essa temáticas que passam as mais emblemáticas das suas obras) vivamente esses regimes. A minha dúviida passa por não perceber bem que tiipo d regime está ele a criticar com esta obra em especial já que me parece que tem traços quer de uma ditadura de extrema direita quer de extrema esquerda: nesta sociedade as pessoas são manipuladas logo à nascença para consumirem compulsivamente e, um facto engraçado é que todas as activiidades de lazer, como por exemplo os desportos, requerem imensos materiais para que estes estejam orientados para esse fim consumista. Outro facto curioso é o de que todas as acções são orientadas para o bem-estar comum de uma sociedade organizada por castas determinadas à sua nascença por via de manipulação genética (porque as pessoas nascem por fecundação in vitro) que dota umas de maior capacidade que outras, sem, obviamente nunca exagerar de forma a que as pessoas não possuam inteligência para compreender a hábil manipulação a que estão submetidas.

O "horror" da obra passa pela maneira como se extinguiram os valores humanos e os seus sentimentos mais profundos como o amor para se "apurar" uma sociedade perfeita e sem conflitos. por essa mesma via seguiram a cultura e as artes, completamente destruídas à excepção de reservas de "selvagens", pequenas sociedades tradicionais, antiquadasm religiosas e alvo de enfermidades e sujidade, que eram motivo de atracção, uma espécie de zoo de humanos que resisitiram à evolução da sociedade moderna.

As personagens da história surgem apenas para ilustrar essa sociieade de consumo de clones desafectos de qualquer sentimento, pois não há um final propriamente feliz.

É uma obra apaixonante.

À minha mãe

(18/04/2009)

Mais sorte?
Não creio!
Vim ao mundo mais forte,
pois cresci no teu seio.

Esta visão que hoje tenho,
foste tu que me a puseste.
O poder que hoje detenho,
Foste tu que abasteceste.

Orientaste-me para o bem,
Sim,
foste tu minha mãe...


terça-feira, 29 de setembro de 2009

Mostrengo da minha Alma

(14/06/2009)


A preguiça é o maior mostrengo,
da minha alma.
Minha loucura desaparecer, vai fazendo,
substituindo-a pela calma

Ela, minhas naus não dobraram.
Com esforço, depois disso,
não restará nenhum pensamento omisso,
pois suas qualidade aeronáuticas demonstraram.



Estoril

(21/09/2009)

Chamo-me Tiago Vilarinho (isso sei eu bem). Já de onde sou, quais as minhas origens, aonde pertenço, a questão torna-se um pouco mais complicada.

Ainda não era projecto e já tinha a consciência de que iria ser portista, mas um acaso fez-me nascer em Famalicão. Além disso, fui ainda registado em Rio Tinto, Gondomar, onde vivi até aos três anos de idade para depois mudar para Vila do Conde, terra que me marcou para sempre.

A preocupação dos meus avós paternos de que eu não me desviasse das minhas tendências tão portistas manteve-me sempre ligado ao Porto, algo que se veio a completar com a agenda da minha mãe tão direccionada para essas paragens.

A mudança para o Porto em mentalidade deu-se no meu décimo ano quando para lá fui estudar apesar de me manter a viver em Vila do Conde.

Passados esses dois níveis, eis que me encontro agora num terceiro. Os mesmo olhos assustados, o mesmo coração nervoso. Mas desta vez é diferente...

Sou apenas um míuda que se vê afastado das saias da mãe, um rapaz com saudade das lavagens cerebrais pró PS e pró FCP do pai, um adolescente que sente falta da sua identidade dentro do seu tão carismático grupo de amigos e sobretudo um soldado combatendo em terras longínquas necessitando de uma fotografia amachucada da namorada para sobreviver a mais um dia nas trincheiras.

Estoril, cheguei! Há dois anos que és um fantasma que me persegue e que sempre tentei afastar. Vais cada vez mais ganhando mais aspecto sólido, que ainda desconheço, que não gosto nem desgosto, os primeiros riscos numa tela que pode ser um sucesso ou um fiasco.

Para já quedo-me em mar alto, no meio de uma tempestade das minnhas próprias lágrimas que não têm nem nada de alegria nem nada de tristeza. Aperto-me ao que resta do meu barco, agarrando-me a uma esperança de olhar para mais do que uma fotografia.

terça-feira, 21 de julho de 2009

General Gomes Freire de Andrade

(12/06/2009)


O liberalismo nasceu contigo.
Ao som da tua trágica morte,
ouvida numa cidade do norte,
ó general do povo amigo,
que não teve a melhor sorte.

Tiveste em teu nome "Liberdade",
e também não esquecemos,
que bebeste pelo cálice da verdade,
mas por aqui todos te conhecemos,
por Gomes Freire de Andrade.

Tiago Assis Vilarinho
Retirado do Moleskine

sábado, 18 de julho de 2009

17º Festival de Curtas, Vila do Conde



Passados anos de um sucesso já internacional, tive a oportunidade de, na minha terra, ver mais uma edição do festival de curtas metragens.

A reabertura do Teatro Municipal deu uma nova proporção ao festival que já tão famoso, pelos vistos, continua com muita pouca afluência.

Adorei o conceito, dado que nunca tinha visto uma curta metragem, e desejei imediatamente ir ver tantas sessões quantas possíveis. Mas o estudo para o exame de Economia limitou-me esse desejo. Assiti a duas sessões. Uma de competição internacional em que tive a oportunidade de assistir ao filme que ficou em 5º lugar na mesma competição: "Buenas intenciones". A outra tinha um conceito ainda mais interessante, consistia em filmes antigos sobre futuro, e que agora é o nosso presente. Interessante a visão que se tinha sobre os nossos dias.

Para o ano há mais...

Clone: uma marca alternativa



Este fim de semana fui novamente ao bairro alto em Lisboa fazer compras. Para a juventude é um spot ideal: roupa alterntativa e urban wear abundam.

Foi então que comprei uma t-shirt engraçada de uma marca que não conhecia, precisamente por essa razão: Clone.

Dentro da t-shirt havia um pequeno texto, um manifesto à marca. Rapidamente percebi que mais do que uma marca, a clone era um movimento, um moviemento que luta contra a "clonagem cerebral" que os média nos incutem no nosso mundo. Mas o mais incrível, é que esta marca, com bastante pinta diga-se de passagem é portuguesa e totalmente fabricada em Portugal. Afinal nem tudo o que por aqui se faz é mau.

Divulgem, e visitem o seu site:
www.clonethisbrain.com

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Um pequeno aparte


Hoje publiquei um poema sobre Deus e um pouco da minha visão sobre ele, o que é bastante pessoal e bem mais vasto na realidade.
Apenas deixo aqui este aparte para um episódio banal mas que achei interessante:
Como gosto de dar um pouco de cor ao meu blog, procurei uma imagem no google: "God".
Primeiro reparei na parvoice que esta a fazer e julguei-me intlectualmente por isso.
Depois reparei que as imagens que apareciam, eram todas de um jogo de playstation, o "God of War" e não consegui encontrar nenhuma em que não houvesse oceanos de sangue.

Obrigado Deus

(11/06/2009)

Ó Deus, porque me criaste,
a tudo querer contestar?
Desta forma me levaste,
à tua existência não acreditar!

E que dizer,
sobre as casas que te dizem respeito?
se a mim me fazem esquecer,
através do seu preconceito?

Perdoa-me estas incertezas,
pois sei que o ser humano existe.
E por tais vícios e tais belezas,
só podes ter sido tu que o criaste!

Tiago Assis Vilarinho
Retirado do Moleskine

Nostalgia

(28/06/2009)



A nostalgia é um sentimento complicado de lidar, e com um soberbo poder.

Primeiro porque é um "upgrade" da saudade, aquela saudade que tanto nos inquieta, depois, porque é um sentimento, ou estado, talvez seja melhor chamarmos-lhe de estado, que é um misto de vibrações positivas e negativas.

A nostalgia retira-nos a capacidade de agir e de raciocinar e aumenta-nos a capacidade de sentir e de sonhar.

Advém de recordações e memórias que, tendencialmente felizes e positivas, nos marcaram e que desejamos reviver. Porém, às vezes a nostalgia surge sem nenhuma razão em especial, como um reflexo de uma possível saudade futura, ou um desejo de recordarmos algo que nunca fizemos ou que nunca fomos, mas que gostariamos de fazer ou ser, ou pelo menos exprimentar dazer ou ser.

Estar sorumbático ou sentir-se nostálgico, são estados que rivalizam pela devastidão que nos provocam.

De facto, é impossível definirmo-nos, quando envoltos de nostalgia, como felizes ou tristes. Por um lado, o torpor que nos provoca, por outro o desejo de permanecer nesse torpor.

A nostalgia deixa um rasto de inquietação que nos faz ter pena de uma terceira pessoa que se outra mas que somos nós ao mesmo tempo por motivos que não compreendemos bem ao certo o que são.

Essa pena cria orgulho nessa pessoa (que somos nós mesmos) e por isso fá-la querer permanecer nesse clima de sofrimento.

No fundo, nostalgia é como uma versão "gourmet" de melâncolia se a imaginarmos como um prato que temos que ingerir, obrigatoriamente, porque não há melhor, mas que se calhar ingeriamos na mesma se houvesse mais opções. É um beco sem saída, um estado puramente humano, que nos faz sentir verdadeiramente humanos. Tal vez por isso a odiemos. Tal vez por isso a adoremos.

Tiago Assis Vilarinho
Retirado do Moleskine

sábado, 11 de julho de 2009

Trauma Económico


Estou a dar as últimas.

O Sol fala comigo e eu juro que consigo ouvi-lo, mas tenho que ficar a vê-lo pela janela. Tenho que estudar.

As últimas três semanas foram intensos. Os meus colegas já estão familiarizados com as férias 2009 mas eu ainda tenho uma última batalha a travar: O exame de Economia.

Este exame é decisivo. É prova específica da Gestão Hoteleira na ESHTE (Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril), um curso muito conceituado e eu tenho que entrar, nem imagino o que será falhar esse grande objectivo.

O estudo cresceu de intensidade à medida que me fui apercebendo das adversidades. Primeiro nunca tive aulas algumas de economia (não houve gente suficiente para fazer turma no meu curso, na minha escola), apenas algumas explicações em Vila do Conde. Depois porque um 15,1, que até é uma nota aceitável para quem está na minha condição pode não chegar. Com esse valor ficaria com uma média de 16,1 de candidatura, o que correspondeu à média do ano passado mas pode não corresponder à deste ano. Depois porque os exames de Português e História, que dominava plenamente, correram mal (14,6 a português e 15,8) o que me desceu a nota de português (17 para 16) e portanto a média (16,9 para 16,8) a não ser que o recurso que vou pedir na segunda me suba a nota um valor.

A pressão é tanta... as entrevistas da televisão assustam-me, os meus colegas ajudam tanto que nestes últimos dias além de dois episódios de Lost ou The O.C antes de dormir não fiz mais nada.

Talvez seja por isso que estou a sentir um cansaço que gosto de chamar de trauma económico: para qualquer coisa que olho vejo economia. Talvez seja por isso que esta noite sonhei que tinha chegado um dia depois ao exame e comecei a chorar durante o sono (algo deveras perturbador).

Talvez esta pressão me ajude na segunda feira mais do que ajudou a super descontracção dos outros exames...

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Comentários do Público

"Reportagem: “Os professores estão chateados com o ministério e nós é que sofremos""
in Jornal o Público

Os meus comentários:

Comentário 08.07.2009 - 10h35 - Tiago Vilarinho, Vila do Conde, Portugal
Sou estudante do secundário e, apesar de não ter tido propriamente más notas nos exames desci drasticamente.

Se me disserem que foi por causa dos critérios de avaliação pensarei que passaram a minha prova para acetato, colocaram em cima dos critérios e fizeram assim a avaliação.

Sinto porém que os meus conhecimentos não foram realmente avaliados, pois como explicar a discrepância que existe entre alguns exames daqueles que supostamente seriam melhores alunos do que outros.

A resposta está no clima de facilitismo que foi gerado a partir da oposição. Este afectou os alunos mais nervosos que rapidamente sentiram que afinal não precisavam de estar tão preocupados. Que afinal, nem precisavam de estudar tanto.

Porém, este clima não afectou somente alunos, mas também professores que orgulhosos da função que ocupam não quiseram que esta saísse manchada por exames "tão fáceis". Outros que já aumentavam as fileiras das manifestações anti-ministra esfregaram as mãos e tiveram aí uma oportunidade para atirar pedras ao governo. O resultado é a super exigência das correcções.

Verdade ou não procuro respostas pois alguma coisa me parece errado, sinceramente não creio que sejam os meus conhecimentos. Era muito triste que se chegasse à conclusão que estes exames não foram instrumentos de avaliação mas sim, uma arma política.

Comentário 08.07.2009 - 10h40 - maria papoila, Portugal da mediocridade
Realmente o "nível" do português dos actuais alunos começa por ver se no cabeçalho da notícia. "Os professores estão chateados..." quando se trata deste modo a língua portuguesa, não é possivel ultrapassar a mediocridade. Concerteza não saberão os alunos que a palavra chateado deriva da palavra chato (pediculus pubis) ,piolho do púbis, que ainda hoje existe. Segundo os pacientes portadores do pediculus pubis é reamente um parasita extremamente incómodo. Encontram se casos sobretudo nos povos africanos.


Comentário 08.07.2009 - 10h49 - Tiago Vilarinho, Vila do Conde, Portugal
A Maria papoila surpreende-me com o seu domínio pela língua portuguesa e por aquilo que chamo de "arrogância intelectual não fundamentada". O português deve ser talvez a língua mais poderosa do mundo inteiro pela pluralidade de sentidos que apresenta o seu vocabulário e sobretudo sobre a sua vastidão de expressões. O "regionalismo" e a gíria (formas particulares de se falar o português) são teses defendidas por grandes defensores da nossa língua, e está mais que provado que apenas a enriquecem. A actualização também é uma realidade apesar dos mais conservadores a cunharem de ignorância.

Comentário 08.07.2009 - 09h58 - vitor fortes, lx
Os nossos professores são EXCELENTES. o governo, tal como o povo em geral e os alunos em especial é que são uma nodoa. eu acho mal responsabilizar os professores EXCELENTES (ou seja, todos) pelos resultados dos alunos. os alunos não tem uma cultura de trabalho, nem de estudo, nem de mérito... os alunos seguem os exemplos dos Professores, só que não são as Associações de Estudantes que dão notas. se fossem, eram todos excelentes, como os seus professores.

Comentário 08.07.2009 - 10h56 - Tiago Vilarinho, Vila do Conde, Portugal

Diariamente uma grande multidão de alunos luta para se vencer as barreiras do conformismo, dos valores retrógrados, do tradicionalismo. Um dia a capa da imortalidade e da perfeição em que estão envoltos os professores sucumbirá perante aqueles que querem dar o seu melhor para fazer avançar este país. A cultura dos alunos portugueses é um problema, os seus vícios, a sua balda é uma realidade. Mas isso não é, também, uma generalidade. E os professores portugueses partilham exactamente da mesma "doença": ser português. Da mesma maneira existem professores EXCELENTES e outros PÉSSIMOS. Os professores, na maioria, também pecam por falta de inovação e actualização. Os professores também aproveitam qualquer motivo para se baldarem. Os professores, alguns, também só estão na escola para cumprir um papel.

domingo, 5 de julho de 2009

Política à portuguesa



Já muito ouvi dizer, na boca de imensas personalidades conhecidas e outras menos conhecidas, que Portugal tem características histórias, e uma cultura tradicional vasta que deve ser modernizada e potencializada para funcionar como marca nos nossos dias. Manuel Pinho seguiu à letra, e levou o típico das touradas portuguesas ao parlamento. Não o censuro!


Falando mais a sério, a imagem em cima cria um sentimento entre todos os portugueses: embaraço. E não vale a pena negarmos, não vale a pena termos palas nos olhos porque isso apenas vai aumentar esse embaraço. É certo que, na minha opinião, o gesto de Manuel Pinho foi um gesto inocente, um gesto de pureza mediante aquilo que se passa no parlamento. Porém, a questão é que, às palavras ditas não correspondem imagens que podem ser assim flagrantemente denunciadas.


Valeu a sua demissão para acalmar um pouco a indignação e sombrear algumas das perguntas mais pertinentes que o povo português começava a colocar. Se já é bem nítido que os portugueses não confiam na política, este tipo de situações apenas vem acentua-lo. Era suposto as pessoas que os representam e que dirigem os seus destinos, visando a garantia do seu bem-estar - os políticos - serem gente séria, gente determinada, e sobretudo gente imparcial e com vontade de fazer algo pela comunidade não agindo perante interesses próprios. Agora, quem acredita que estas características existem nos nossos políticos por favor grite "Eu acredito". Ouvem alguma coisa? Lá está, a política está descredibilizada. Mas o pior é o que este tipo de situações causam à estabilidade da governamentação e àquelas políticas que, boas ou menos boas tentam realmente mudar alguma coisa neste nosso gigante atraso. Por que um ministro, após ler Fernando Pessoa Ortónimo, sentir como ele a nostalgia do passado, ter querido regressar aos tempos de infância (não o levemos a mal), a nossa pasta da economia ter ficado desamparada.


É uma situação chata para todos nós. É uma situação que afecta a nossa dignidade em termos internacionais, mas não podemos ficar pura e simplesmente de braços cruzados. É preciso que toda a mentalidade de um povo mude para que aqueles que o devem dirigir também mudem.


Não nos deixemos é contagiar pelo vírus Média. Foi uma siuação, resolveu-se e é preciso começar a pensar-se qual o próximo passo. Não podemos ficar agarrados àquela imagem e por algum motivo exitem as touradas.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Desconfiança

(14/01/2009)


Há pouco tempo reparei em como os desconfiados são perseguidos, sendo que eu próprio, desconfiado, fui perseguido.

Esta, porém, é a base para algo mais transcendente. pelo que percebi, valoriza-se neste mundo o que existe, ponto final, "É o que é e não pode deixar de ser". Que pensamento retrogado. Isto é simples, basta usar o dom da visão que nos puseram, ou se calhar é de tal maneira simples que nem isso é necessário.

Tudo o que vemos em nosso redor nasceu da desconfiança, será uma atitude tão condenável assim? Eu escrevo com uma caneta porque alguém deesconfiou que as penas e os dedos não teriam tanta eficáciia que cargas de tinta dentro de uma cápsula de plástico. Escrevo neste caderno porque alguém desconfiou que não seria possível levar paredes e grutas para as aulas de português.

O motor do progresso humano reside na desconfiança. E reparemos que é a distracção e o e o desejo de pocessão quase física do concreto que nos poderia eventualmente retirar a desconfiança, dando voz e essa conspiração superlativa do sistema financeiro e monetário que por aí se fala. O que é certo é que a desconfiança é uma arma. Uma arma poderosa para o culto da mente que tanto apregoo, e o que também é certo, independentemente dessa conspiração absoluta ser verdade ou não, é que as pessoas já não se preocupam em desconfiar, o que as torna menos individuais e portanto menos humanas.

Até poderá essa teoria ser uma palhaçada e uma aldrabiçe completa, mas que têm um objectivo primordial em importância tem: cria a desconfiança, cria o desejo de atenção.

Não precisamos de ser activistas, nem guerreiros, nem revolucionários. A verdadeira revolução está dentro de nós. Está em sermos atentos, desconfiados. Somos seres humanos, somos desconfiados por natureza.

Tiago Assis Vilarinho
Retirado do Moleskine

terça-feira, 30 de junho de 2009

O Muro do gosto do choro

(2008)

Caem, Caem, formando rios...
Políticas, religiões e afins...
Amores, estudos, tempos frios...
Tudo corre com uma calma...
Aquece-os a caldeira da alma.

Tudo bóia e se deixa levar,
Não há luta contra a corrente.
Tudo corre, apenas, assim!
Até parece que há regozijo no que bóia,
Pois não há luta alguma em mim

Tiago Assis Vilarinho
Retirado do Moleskine

Ensaio sobre a cegueira - Filme

(06/12/2008)



Uma obra-prima do cinema que aborda diversas áreas da humanidade com uma genialidade fora-de-série.

Adaptando ao grande ecrã a obra com o mesmo nome, de José Saramago, a filmagem e a fotografia do filme é perfeitamente bem enquadrada na sua temática: A cegueira de um branco intenso, o que nos dá a sensação dela mesmo. Os actores são quase todos nomes emergentes do cinema e a acção do filme é cativante e viciante até ao fim. Mas o verdadeiro interesse no do filme está mesmo naquilo que aborda, o seu verdadeiro interior. mal tinha começado e percebi logo que era uma alegoria.

De facto, o filme retrata muitas questões, grandiosas pela sua polémica, da humanidade e vou referir algumas delas. Primeiramente temos a questão da cultura rácica humana que é por si barbara. Assim, dentro do asilo da quarentena, sem nada com que se preocuparem e reduzidos à anarquia, há um grupo de homens que se apodera do controlo da comida, que iria distribuir consoante o valor de objectos que as outras pessoas dentro do asilo trocariam (o que não fazia sentido algum pois dentro do asilo nada importavam esses bens) e mais tarde em troca de mulheres (está bem patente a brutalidade do machismo). O filme mergulha desta forma na dependência humana dos seus sentidos.

Porém nem tudo é negro: a unidade entre todos os membros do grupo protagonista garante-lhes a sobrevivência e a felicidade rara perante uma conjuntura tão drástica, "como uma família".

Existem outras questões importantes como o racismo (apesar de não se verem uns aos outros, um homem atribui a maldade do outro à sua cor) e a da beleza que apresenta duas vertentes: a física (pois mesmo cegas as mulheres preocupam-se com a sua beleza) e a interior dado que a paixão surge sem barreiras entre uma jovem e um velho.

A sexualidade assume-se como "necessidade fundamental do ser humano", atingindo até proporções brutas e irracionais como já dei exemplo.

Mas a questão principal está patente no fim. O primeiro a ser infectado é o primeiro também a curar-se transmitindo a esperança aos outros. Porém, a única com visão diz: "Vou ficar cega", isto não porque ela efectivamente iria deixar de ver, mas porque o ser humano não dá a devida importância à visão, sendo esta meramente material e superficial. Foi preciso todos cegarem para realmente a protagonista ver as coisas como elas efectivamente são. No fundo somos todos cegos para a vida e para o mundo.

A importância da religião para as pessoas, como factor de esperança e união, é também ela muito importante e o egocentrismo humano patente na fuga e abandono das pessoas infectadas é horroroso e de uma violência tremenda.

O filme é brilhante e como disse o meu amigo José Carlos, "muda a vida de uma pessoa". Um filme de nota máxima, com parecenças com outro que também adorei, "I'm Legend" e que igualmente reomendo a toda a gente. A cena que mais gostei foi a da música que o velho pôs no seu rádio dixando as pessoas no seu choro e luta, unidas, pelo silêncio e fraternidade...
(10/10)

Tiago Assis Vilarinho
Retirado do Moleskine

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Invasões Francesas

(12/06/2009)

(A resistência popular às Invasões Francesas.
A defesa da Ponte de Negrelos.)


Pensaste que ia ser fácil,
não pensaste Napoleão?
Deste caras com a ira indócil,
do povo defendendo seu pão

As tuas invasões foram repelidas,
uma de cada vez.
E a força e glória da pátria sentidas,
pelo orgulho de ser português.


Tiago Assis Vilarinho
Retirado do Moleskine

Manifesto à inteligência

(10/12/2008)

Nota: Inspirado na extravagância de Álvaro de Campos e em forma de protesto à minha nota em português, escrevi o seguinte manifesto.

O génio é mau aluno e rebelde!
O génio não passa em exame. Génio tem que chumbar pois o génio é tão génio que ao fazer um exame está a avaliar o professor que não é génio e não o consegue acompanhar.
Os burros é que decoram coisas! Os génios pensam, não decoram! As ciências decoradas são escória e estragam nações! São elas que destroem o mundo e não os ácidos que elas criam! A sistematização constante dos conteúdos é chata.
O génio inova!
O génio é irreverente!
Se o professor fosse génio o génio passaria no exame.
O génio não responde à questão; o génio divaga; o génio teoriza a questão e questiona respondendo.
A Filosofia não é para definir. A Filosofia existe para que possamos viver melhor (mesmo com nota negativa pois Filosofia só é Filosofia com nota negativa!).
E a poesia? Que ridículo! Tenham vergonha na cara académicos! A poesia sente-se! Não se estuda. Não se analisa.
Ai pobre nação que ris ao ouvir “Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!”, do grande Álvaro.
Mas o pior de tudo isto é que a população passa no exame! Exame a quê pergunto eu? À sua mediocridade e vazio mental?
A matemática é a pior ciência do mundo. A Matemática é tão fácil e exacta que se torna complicadíssima. Génio não estuda matemática, pois génio é um ser feliz e génio só vive feliz sem ela.
Génio não fica preocupado com nota negativa e muito menos se esforça para a levantar. Ele tem que ficar na sua genial irreverência até ao fim.
Génio folheia o que já criou milhões de vezes mesmo que pouquíssimo seja, pois génio sabe sempre que é génio por menos coisas que crie, e obra de génio tem tendência a multiplicar-se e ganhar inúmeros sentidos!
Fora com os livros de análise! Fora com as fórmulas e teorias matemáticas! A ferramenta do génio é ele mesmo!
Génio é o mais feliz mas nunca se vê génio algum a sorrir. O sorriso é para os pobres de espírito que dizem ser o sorriso a contracção de músculos faciais necessária à revelação da sua dentadura branca de marfim, quando sorriso é escrever a palavra génio.
A inteligência não existe. E se existisse não poderia ser avaliada pois a avaliação é uma amostra de falta de inteligência. Existe sim a felicidade, a elevação mental, a personalidade e uma coisa que existe no génio que não sei explicar bem o que é, mas que existe e não é inteligência.
Génio morre pobre, imundo e sem família, sem casa, e principalmente morre sem saberem que é génio ou mesmo sem ele próprio saber que é génio.
Génio não faz manifestos à inteligência coerentes e lógicos pois a natureza do génio é, por si, desorganizada. Génio não faz manifestos à inteligência sequer!
Um génio lê um manifesto à inteligência e rasga-o, de ridículo, antes sequer de acabar de o ler. Mas no fundo está feliz porque sabe que é génio tal e qual como o defino.
Génio nunca admite ou se orgulha de ser génio porque se assim fosse não seria génio.
Ninguém quer ser génio porque o génio é superficialmente infeliz. Mas os que são génios querem ser génios porque só eles conhecem e podem avaliar o conceito de felicidade.
Génio morre cedo, mas génio morre vivo!
Todos são e podem ser génios desde que seja génios!
A inteligência não existe! O génio não existe! Existe vida e existe maior ou menor genialidade de a viver.
Tiago Vilarinho
Retirado do Moleskine

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Poetas Malditos

(12/06/2009)

Sim, eles querem que tu leias,
mas o que eles escrevem
para te prenderem nas suas teias,
através dos que os servem.

Para contra isso lutares,
em teu espírito coloca uma lente.
Pois para estes demónios travares,
tens que cultivar a tua mente.


Tiago Assis Vilarinho
Retirado do Moleskine

Quem quer ser milionário?

Filme (21/06/2009)



O número 7 marca este filme. 7 óscares da Academia já acusam tratar-se de um bom filme, número curioso pela sua simbologia que se enquadra no ponto-chave do filme: o destino.

Com um elenco composto por miúdos de uma favela indiana o filme funciona como crítica à sociedade indiana ao demonstrar as dificuldades de uma sociedade com uma enorme clivagem social.

Tudo está conjugado perfeitamente nesta obra-prima do cinema. os planos das vidas dos protagonistas revelados em flash-back com as perguntas do concurso que se apresentam coincidentes a eles - dessa forma, Jamal, um míudo pobre da favela, movido pela determinância em ficar com o amor da sua vida, consegue ganhar o famoso concurso, o que lhe dá uma oportunidade de salvar a sua amada e ser feliz.

Uma história repleta de ternura e amor em condições inóspitas, e uma forografia excelente tornam este filme num filme igualmente excelente. (9/10)

Tiago Assis Vilarinho
Retirado do Moleskine

terça-feira, 23 de junho de 2009

O Guarda-chuva e o seu Humanismo

(18/02/2009)


(Retirado do blog Rabiscoscasuais)


Dia típico de inverno em Vila do Conde é dia de um vento irritante (mas este vento existe durante todo o ano), de despentear o cabelo, ou melhor, de metamorfoseá-lo para um estado irreconhecível como tal, e de uma chuva grossa que “cola” as roupas à pele e põe qualquer um a perguntar-se: “Serei Homem ou serei fonte?”. “Esqueci-me do guarda-chuva!”, com a adição de um palavrão ou não conforme for o grau de irritação, é automático pois este precioso e super simples objecto, disponível numa qualquer loja dos chineses pelo simbólico preço de cinco euros, representar já, uma necessidade em dias de chuva tal como comer pipocas de boca aberta é necessidade para quem vai ao cinema à sexta à noite. Mais do que uma necessidade porém, eu idealizo este objecto como uma prova de Humanismo, um triunfo da Humanidade.

Adoro que chova, pois assim munido de guarda-chuva, tenho uma oportunidade de dar troça à Natureza, passeando calmamente, inatingível pelos seus mísseis (isto se o guarda chuva da loja dos chineses estiver a ser usado com um espaçamento de três dias da sua compra, período médio de vida do objecto). Mas agora que estudo nas aulas de português “Os Lusíadas”, tal atitude ainda mais gozo me dá, pois reforça a minha tese a ideia de que um “pequeno bicho da Terra” a domina, controla e tem o dever de a proteger (mas isso já é outra conversa).

Assim apostava que se Camões fosse meu contemporâneo incluiria umas estrofes nos seus Lusíadas XXI a exaltar este objecto tão simples, tão inteligente, tão humano.

É também curioso como as coisas hoje em dia se multiplicam, padronizam, uniformizam. De facto, encontramos guarda-chuvas de todas as cores, feitios, sabores, preços e em todo o lado. O guarda-chuva é, de facto um objecto mais que vulgar e o pior é que sinto que ninguém lhe dá a devida importância e a tenção (um dia mundial do guarda-chuva seria óptimo, fica a sugestão) nem percebe como é importante para a Humanidade! Quase ninguém (e eu próprio me incluo nessa fatia) sabe inclusive um mínimo da sua história e muito menos o nome do seu inventor.

Povo ingrato, pobre e mal agradecido, adormecido. Oxalá existisse um guarda chuva que nos protegesse da distracção e da morte mental. Oxalá esse guarda-chuva apenas se fechasse nos sonhos e filtrasse as condições para sonharmos mais e melhor. Oxalá fosse chuva aquilo que nos desatenta. Oxalá fosse chuva o infortúnio.




Tiago Assis Vilarinho
Retirado do Moleskine

“Metamorfose”, de Franz Kafka

Livro (27/05/2009)



Desconcertante, do princípio ao fim, é como melhor caracterizo esta grande obra deste grande escritor.

Um homem, dedicadíssimo ao seu emprego que, da noite para o dia, se transforma num horrendo insecto.

Por um lado retirei uma crítica à abstracção total das pessoas em relação a elas próprias, pois Gregor Samsa, preocupado unicamente com o seu emprego quase nem se incomoda com o seu novo estado.

Gregor trabalhava para toda a família, mas mantinha com os membros desta uma relação fria e afastada, como se apenas uma obrigação familiar e a única réstia de auto-estima que possuí com o facto de por isso se sentir importante motivasse o seu contacto com eles.

A tristeza que a obra evoca atinge proporções brutais: vemos a família rejeitar Gregor, que além de pertencer àquela família, a sustentava, unicamente pelo seu horrendo aspecto (que pode ser uma metáfora de alguma horrível doença por exemplo).

Pode-se porém retirar do livro outra moral, inserida na ideia de mudança: perante a desgraça que se abate sobre a família, esta une-se, torna-se mais forte e sobretudo, os seus membros passam a ter que sustenta-la pelos seus próprios braços. O que é impressionante é que tudo isto acontece perante a abstracção parcial da morte de Gregor, ferido e abandonado pela sua própria família.

É um livro poderoso, que mexe com os sentimentos e emoções mais humanos, sob um linguagem esplêndida que transmite um ritmo quase mecânico e que entra numa comunhão perfeita com a temática da obra.

Simples e acessível, rápido de se ler e profundamente simbológico e emblemático. Um livro imprescindível.




Tiago Assis Vilarinho
Retirado do Moleskine

segunda-feira, 22 de junho de 2009

O dia de amanhã hoje não vem

(09/06/2009)

Sempre me preocupei com o Futuro,
e com o Passado também.
Mas hoje sou cego e mudo,
pois estou no presente e sinto-me bem.

Ninguém sabe o que amanhã virá.
Não vale a pena estar com agoiros.
Se me tirarem estes cabelos loiros.
Isso só o tempo o dirá.

O tempo gostaria de enfrentar.
Talvez por isso me achem louco,
mas o momento tenho que aproveitar,
por isso, ó futuro, espera mais um pouco.



Dedicado a Inês Eusebio
Tiago Assis Vilarinho
Retirado do Moleskine

Anjos e Demónios

Filme (27/05/2009)



Mais um bom papel de Tom Hanks, numa interpretação dos bons romances históricos de Dan Brown. Este gira em torno do fanatismo religioso, já que é um camarário fanático do Vaticano que faz ressurgir a velha lenda dos Illuminati para impedir que a ciência se interponha no caminho da religião. (7/10)

Tiago Assis Vilarinho
Retirado do Moleskine

domingo, 21 de junho de 2009

Happy Tree Friends - violência virtual em estado puro

(20/03/2009)






Assisti, durante uma apresentação em Àrea de Projecto, a mais um episódio curto da série "Happy Tree Friends", que consiste na extripação, desmembramento e morte aterrorizadamente violenta dos bonecos desenhos animados mais queridos e coloridos que é possível imaginar. É a forma de violência gratuita e pura mais incrível que alguma vez conheci.

É inimaginável o horror dos banhos de sangue que ainda se torna mais complexo quando coajugado com a expressão de felicidade daquele ambiente animado. Horrosamente inigualável.
Site oficial do Happy Tree Friends onde podem ver vídeos da série.


Tiago Assis Vilarinho
Retirado do Moleskine

sábado, 20 de junho de 2009

Rio Ave

Rio Ave (17/06/2009)


Este rio é o reflexo de tudo.
Outrora criador de nave,
é agora surdo e mudo.
É Portugal. É Rio Ave.

Que mistérios encareras,
nesse teu tom opaco?
Glorioso noutras eras,
agora frágil. Fraco.

Foste companheiro da glória
que alcançou Portugal.
Agora apenas memória.
O mesmo destino fatal.

Mas a essência das coisas não muda.
Ela basta para que tudo,
de novo se impluda.

És agora um rio morto,
que apenas revela podres.
Mas já foste seguro porto
que rivalizou com a Flandres.

Aí no fundo, a vontade
ainda sobrevive.
Pela tua hereditariedade,
te peço: Revive!

Tiago Assis Vilarinho
retirado do moleskine

Último Samurai

Filme

Protagonizado por um grande actor (Tom Cruise) o Último Samurai é um bom filme que não me canso de ver.

Alia um bom retrato histórico da industrialização do Japão e e a caracterização dos Samurai, os guerreiros de elite e senhores feudais do velho Império Japonês com um romantismo e sensacionismo que rapidamente desperta a emoção dos espectadores mais sensíveis ao tema (como eu).

Uma boa produção e elenco, um filme recomendado.
(minha classificação: 8/10)

O meu outro mundo

(12/06/2009)

É com as letras que me encontro,
ou que posso de mim fugir.
É com elas que demonstro
o leão no meu peito rugir.
Como a fome do peixe que o gato mia,
é a minha fome ansiosa pela poesia.

Tiago Vilarinho
Retirado do Moleskine

Zeitgeist

Este polémico mas muito famoso documentário influenciou a faceta que mais desenvolvi na minha personalidade este ano.

Uma teoria da conspiração baseada no domínio global por uma elite de homens sem escrúpulos, é, à partida, um tema que não vai ganhar adeptos, sobretudo entre as classes mais conservadoras e/ou cépticas. Porém qualquer apreciador de arte o vai reconhecer como tal na medida em que está repleto de sedução (é até acusado por alguns como uma forma de manipular baseando-se na ideia de estarmos a ser manipulados) e muito bem feito.

Mas quem o vê até ao fim vai certamente sentir um arrepio na espinha. Não se sabe nem se poderá saber se aquilo que lá está é verdade ou não, mas a ideia principal do zeitgeist e a sua interpretação é, para mim, bem mais complexa.

É o humanismo. Sentimos que às vezes nos esquemos de ser humanos, ou simplesmente o que isso significa. Cépticos ou não vale a pena pois antes das nossas orientações conceptuais temos todos algo em comum que não podemos nunca negar. Somos humanos.

O zeitgeist evoluiu para um conceito e até um movimento, os curiosos depois de o ver procurarão informações sobre isso.

Podem ver aqui o primeiro documentário (existem actualmente dois mas o primeiro é o mais interessante sem dúvida):

sexta-feira, 19 de junho de 2009

D. João V

(10/06/2009)


- Dos Açores, mais panos e frutos!
De Macau, porcelanas e laçados!
De Diu, rubis e diamantes brutos,
e de Melinde móveis e bordados!

Trigos, açucares e licores,
e mais conventos e igrejas!
Para albergar os meus amores,
e encher minhas bandejas!

Mais técnicos para o aqueduto.
Imitemos de Roma a basílica.
E aumentem o viaduto!
Quero ser uma referência bíblica!

Móveis tauxiados de Melinde,
e do Brasil, tabaco e Copal,
Aguardentes para brinde...
- Meu senhor, e Portugal?

- Isso agora não interessa!
Isso é outra conversa!
As paredes do convento,
também não sou eu qu'as pinto!
Mas estais desatento?
Sou el-rei D. João V!

Tiago Assis Vilarinho
Retirado do Moleskine

Exames Nacionais


Estamos todos (quando me refiro a todos refiro-me aos estudantes do básico e do secundário) em época de exames. Um período complicado em que vemos o sol que nos convida à praia e as noites quentes de verão pela janela, sendo que as barras desta cela são os livros e a secretária.

Porém, bem sabemos que não é drama nenhum, apesar da comunicação social relatar histórias trágicas que se comparam a verdadeiros filmes de terror (vi a capa da Sábado hoje por exemplo, que apresentava o testemunho de jovens que consumiam drogas pesadas para se manterem acordados para o exame, algo que tenho muita curiosidade em ver).

Muitos sentem vontade, nesta altura, de engrossar as filas daqueles que se apresentam anti-exames - A JCP, por exemplo.

A minha opinião é, porém bastante contrária.

Apesar de alguma coisa poder correr mal e isso ditar a nossa aprovação ou o ingresso no ensino superior, estes exames são a única maneira de todos os alunos a nível nacional estarem em pé de igualdade. É a única oportunidade que tenho de comparar os meus custosos resultados com outros que, por terem oportunidade de andar no ensino privado ou numa escola que não partilha da mesma exigência da minha, os igualaram ou superaram sem tanto esforço.

Outra questão engraçada que noto cada ano, é que os exames nacionais são cada vez mais fáceis. "Facílimos!". "Básicos!". Após ter realizado o meu exame de português e ter constatado que já perdera um valor nas escolhas múltiplas senti-me deficiente a nível mental. Juro que me sinto mesmo um cataclismo a nível nacional e estou seriamente a pensar o suícidio como forma de me livrar desta culpa, deste desnível que apresento para com os meus colegas.

O que é certo é que a qualificação em Portugal é o que todos sabemos que é, mas que o típico português apresenta-se em qualquer situação como tipicamente deve: Típico.

A desvalorização, o clima de "facilidade" que se gera, o bota-abaixo, o deixa andar, o faço depois, confirmam uma desilusão quando os resultados saem.

Fáceis ou não, tenho a certeza que aquilo que aprendi, o meu mérito pessoal e o meu esforço valerão.

“Memorial do Convento”, de José Saramago

Livro (17/04/2009)



Obra obrigatória da disciplina de português, e, ainda bem, pois a fama que tem no mundo juvenil não é propícia à sua leitura, e assim, fui obrigado a lê-la, obrigação que rapidamente deu lugar a pura satisfação.

O meu primeiro contacto com a obra foi complicado pela habituação à escrita de Saramago e admito que demorei meses a terminar de o ler, mais aí também entram, para além da preguiça, factores relacionados com a vida quotidiana e as suas paralelas obrigações.

Porém, no final eu apenas tenho que dizer, entre as poucas palavras que me restam depois do deslumbramento que a obra me causou, que a obra é magnífica, superior a qualquer outra que tenha lido a todos os níveis.

Apesar da história em si não me ter deslumbrado inicialmente (note-se que a mistura entre ficção e realidade não surtiu em mim um bom efeito no início), o que é certo é que o tom mágico que ela emana dão-lhe um valor inigualável. A mensagem é brilhante, além de super interessante: Por um lado temos uma forte crítica social e religiosa – a maneira abastada como vive o rei e o resto da corte em detrimento das massas que sofrem na pele a sua opulência (e note-se também a ponte histórica com os dias actuais de Saramago, na época da escrita do romance, e a luta contra o fascismo de Salazar), a atrocidade dos autos-de-fé e o descumprimento das regras da moral religiosa por parte dos membros das suas congregações; a aproximação ao povo, pobre, mas não por isso menos “culto”, em que se vêm filosofias e histórias engraçadas que nos fazem pensar e que rivalizam com a de muitos que, por melhores condições deveriam ser superiores intlectualmente; a questão primordial da vontade do Homem como a sua essência, o motor para se alcançar o inalcançável; o amor, para uns tão verdadeiro, puro e natural que quase selvagem (Baltasar e Blimunda) e para outros contratual e falso (D. João V e Rainha Maria Ana).

Mas é sobre a maneira como a acção é escrita, os diálogos e reflexões, o caminho remoinho que toma a participação do narrador e todos os pormenores da escrita, que a obra adquire maior valor. Esta obra é monstruosa pela positiva, e com ela consegui entender o que é um prémio Nobel e sobretudo qual a sua importância para o legado cultural da Humanidade.

Tiago Assis Vilarinho

Retirado do Moleskine

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Auto-biografia super curta

Maluco.

Seria talvez a média de todas as caracterizações possíveis e imaginárias que outras pessoas imediatamente diriam de mim. Tenho quase a certeza que de seguida soltariam uma gargalhada que comprometeria o seu sentido restrito... ou talvez não. Mas de qualquer uma das formas sentir-me ia contente com o resultado do inquérito. Porquê? Simples, a definição de "maluco" numa sociedade de comportamentos cada vez mais massificados como a nossa, será: Diferente.

Se pedissem de seguida uma qualidade e um defeito, não sei bem ao certo o que apontariam à primeira. À segunda, a velocidade da resposta rivalizaria com a da luz: Egocêntrico.

Porém isso talvez se relacione com uma qualidade que tenho - Não ter medo de ser e assumir na plenitude quem sou - pois de facto, o orgulho que tenho na qualidade que mais estimo das que tenho, leva as pessoas a referir que sou egocêntrico.

Penso que poderia escrever neste tópico bastante mais. Mas as vezes as coisas ganham valor pela sua simplicidade, ou pela avaliação que os outros fazem delas. Talvez daí tenha escrito a minha auto-biografia baseando-me numa possível interpretação minha de outras pessoas. Será uma manifestação anti-egocentrismo? Ou exactamente o contrário?